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Caçadores de Pérolas - O design como causa social

Não é difícil encontrar no Rio de Janeiro instituições que tratem o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Só na capital, são mais de 15 organizações que focam no atendimento às crianças autistas. No entanto, não é apenas a criança que precisa de auxílio a partir do diagnóstico. De acordo com uma pesquisa realizada em maio de 2010 nos Estados Unidos, e adotada no Brasil até hoje, o índice de separações entre casais com filhos autistas é de 80%. Esse estudo foi realizado pelo Dr. Brian Freedman do Kennedy Krieger

Institute, uma instituição dedicada a melhorar a vida de crianças e jovens com deficiências cerebrais. Pensando nesse contexto que Erika Müller, Nicholas Müller e Giovana Delvaux começaram com a startup Caçadores de Pérolas.


Erika, Nicholas e Giovana, fundadores, também trabalham juntos como sócios da Oster Design, escritório de design que traz no seu DNA apoio à causas sociais, situado na Gávea. Erika, 52 anos, formada em fonoaudiologia, Giovana e Nicholas, 28 anos, formados em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A ideia de atuar com o autismo, surgiu a partir de uma experiência pessoal de um dos sócios com uma criança autista na família.


A startup Caçadores de Pérolas tem o objetivo de melhorar o relacionamento entre pais e filhos autistas através da metodologia do Brincar, com a construção do “Quarto de Brincar”, um ambiente na casa da família destinado a momentos de brincadeira entre os pais e o filho, estimulando a construção de laços familiares. É no momento em que se cria a interação na brincadeira que se dá aos pais a oportunidade de conhecer o filho e saber lidar melhor com ele.


O intuito é adaptar a casa, independente do espaço que ela apresente, através de um estudo realizado para detectar como o ambiente pode ser melhorado de acordo com cada criança. Esse passo é fundamental, já que o autismo apresenta características diferentes em cada indivíduo. Cada estímulo gerado pelo quarto e pelos brinquedos deve ser previamente pensado. Quem vai trabalhar no quarto com a criança tem que ter um objetivo com a brincadeira.


A Associação Casa de Brincar, em Barra do Piraí, local onde famílias com casos de autismo são acompanhadas desde a fundação, em 2012, foi fundamental para a criação da Caçadores de Pérolas. Para a startup, a instituição serviu como comprovação de que a metodologia dá certo. Hoje, a Casa de Brincar atende cerca de 60 famílias da região e tem uma fila de espera de mais 50 famílias.

A princípio, a Caçadores de Pérolas visava ajudar as famílias que aguardavam na fila de espera da Casa de Brincar, mas, devido a alta procura pela instituição, eles pensaram que havia a necessidade de atender não só aquela região, mas também famílias de outras cidades. Hoje, existe a preocupação de mapear escolas, já que este é um ambiente favorável para trabalhar a inclusão e captar famílias que tenham o transtorno em casa. A acessibilidade é mais visível para deficiências físicas, mas as deficiências intelectuais também precisam de adaptações no ambiente.


A Caçadores de Pérolas tenta ingressar no mercado, para que possa levar o Quarto de Brincar ao maior número de pessoas possível. Para isso, a startup entrou em agosto de 2016, a partir de um edital, no instituto Gênesis da PUC-Rio, uma incubadora que tem o objetivo de transferir conhecimento da Universidade para a sociedade por meio da formação de empreendedores.

Com pequenas transformações é possível mudar a vida das pessoas.

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